"In vino veritas", fora o que ele me dissera antes de eu tomar o primeiro gole de vinho na noite em que nos beijamos pela primeira vez. Como se quisesse me avisar de que tudo poderia acontecer se eu cruzasse o limite que nos separava.
Eu cruzei. Eu me entreguei a ele. Ele não.
Ele não cruzou seus limites.
Estou bêbada, mas a tontura vem do seu beijo, de suas mãos apalpando minhas costas, minha bunda. Apesar do frio, ele retira o suéter pela cabeça, dando aquela 'curvadinha' para frente, que me encanta. Por que as mulheres retiram suas roupas de forma diferente? Puxamos de baixo para cima enquanto os homens se curvam para frente, baixando a cabeça entre os braços flexionados e alcançando, com as mãos, a barra da camisa pelas costas. Então, eles a puxam para frente e, como num passe de mágica, eles aparecem.
Nesse momento, ele surge diante de mim com o mais iluminado e cafajeste dos sorrisos, o que me deixa ainda mais tonta. Fecho os olhos e sinto leves tremores por todo o corpo. Um calor me aquece por inteiro quando ele desabotoa, vagarosamente, a parte de cima do meu pijama longo em flanela, quadriculado em rosa e lilás. "Por que tá rindo?", pergunto enquanto ele me observa de sutiã e a calça larga do pijama. "É de mim ou é pra mim?", questiono meio que insegura. Não sei se estou muito magra ou se meus seios deram uma 'caidinha básica' exatamente porque emagreci após o sequestro.
- Responde! - Ordeno, ameaçando tacar um cinzeiro em vidro que cato da mesinha no centro da sala. - Para de rir e me diz o que fazer. Por favor.
Um puxão em meu braço e nossos corpos se unem novamente. O cinzeiro caiu no chão e eu, só não caí com ele porque estou em seus braços. Estamos unidos e já não é para dançar. Minha pele sente a dele. Estamos mais conectados do que nunca. Só não entendo porque ele continua a sorrir e a me olhar como se eu fosse algum tipo de alienígena.
- Nada a ver! - Ronrona ele em meu ouvido. - É que não sei o que fazer ou por onde começar. Vc é tão linda que dá medo.
- Deixa de ser bobo. - Sussurro contra seu pescoço. - Sou eu quem está com medo aqui. Por incrível que possa parecer, não sei o que fazer também.
- Damas primeiro? - Sugere ele enquanto eu solto o ar pela boca.
- Me segura. Vc tá me deixando muito tonta. - Vou beijando seu pescoço até o ombro, apalpando suas costas macias e musculosas. - Quando vc treina? Antes ou depois de expulsar demônios? - Rindo ele beija minha bochecha até chegar bem no cantinho de minha boca e responde.
- Depois. Pra descontrair.
- A música acabou. - Observo encostando minha testa na dele. Estou a poucos centímetros de sua boca delineada, das covinhas que surgem. Aposto que ele está me ouvindo. Assentindo com a cabeça, ele beija o outro lado de minha bochecha e fica parado, abraçado a mim, olhando minha boca. Umedeço meus lábios, involuntariamente, massageando, com minhas mãos, sua nuca, o cabelo cortadinho. - Por que ainda não nos beijamos?
- Porque não consigo parar de olhar pra vc, seus...
- Seios? Estão aqui e são todos seus. - Faço menção em retirar o sutiã, porém, ele me impede, prendendo-me pelos punhos atrás de minhas costas. Um brilho de malícia em seu olhar e estou em chamas. Fico na ponta dos pés e tento alcançar sua boca. Ele recua, sorrindo. - Vc não me quer? Esperei tanto por isso...
- Esperei mais do que vc, Dess. Esperei muito mais. Vc não faz ideia do tempo que esperei por vc e agora, preciso congelar sua imagem na minha cabeça pra nunca mais esquecer.
- Falando assim, me assusta. Parece que se me beijar, vai sumir da minha vida. - O brilho em seus olhos desaparece. Suas mãos estão em minhas bochechas quando ele me promete que nunca mais vai sair da minha vida. - Promete?
- Prometo.
- Vc acaba comigo com suas bruscas mudanças de humor. - Exalo, revirando os olhos. - Ainda me lembro da noite em que vc me acusou de ter te estuprado...
- Deveria ter esquecido disso também.
- Também??? Como assim??? Eu me esqueci de outras partes da minha vida???
- Não, Dess! - Protesta ele, meio que irritado. - É força de expressão!
- Por que eu acho que não é???
- Porque vc pensa muito, Dess! Esse é o seu problema! Pensa muito! Colabora!
- Não me esconda nada, por favor...
- Não vou. Perdão por ter agido como um babaca naquela noite.
- Como eu posso deixar de te perdoar quando me olha desse jeito?
- Vou tentar te compensar, meu anjo.
- Não precisa. Eu já me esqueci. Pronto...
- Sua alma é pura, Dess.
- Não é não...
Fecho os olhos e, sem querer, penso em minha vida sem ele. Começo a chorar, pedindo perdão por ter estragado o clima.
- Não sei ser mais quem eu era. Vc me apagou e, agora, vai ter que me reinventar. Gosto do que sou quando estou com vc. Não me deixa nunca.
Com os polegares, ele enxuga minhas lágrimas e quando penso em desistir, ele chama por meu nome e me pede.
- Deixa eu sentir seu gosto...agora?
Sua língua macia e gostosa invade minha boca com furor, pegando-me de surpresa. Ele mordisca meus lábios, o queixo, o pescoço, voltando à boca, deixando-me atônita. Suas mãos não me deixam cair porque estão em todas as partes de minhas costas.
- Tira...- Peço num gemido. Ele não para de me beijar enquanto luta contra os ganchos do sutiã. Solto seu pescoço e eu mesma o arranco, jogando-o longe, sentindo meus mamilos roçando em seu peitoral. Estou gemendo de prazer, saboreando sua boca, chupando sua língua. Ele faz o mesmo até que eu perca o ar, tentando, desesperadamente, respirar. Ele afasta seu rosto e me pergunta com aquele olhar cafajeste que jamais vai sair da minha memória.
- Quer parar?
- Nunca! - Vendo-me na ponta dos pés, ele meio que facilita tudo, erguendo-me do chão, mantendo-me junto ao seu corpo, segurando-me pela bunda. Agarro-me ao seu quadril com minhas pernas cruzadas. Seu pau está tão duro que poderia sentar nele e soltar minhas mãos. Ele ri e pede para que eu pare de ter pensamentos estranhos. - Não consigo. - Ronrono enquanto mordisco seu queixo, lambo suas covinhas e mergulho em sua boca. Faminta, eu o devoro. Beijo a ponta de seu nariz, os olhos fechados, a testa perfeita e seu tão desejado 'Pomo-de Adão'. Volto à sua língua e brincamos, lambendo nossos rostos para mergulharmos, juntos, em beijos demorados e melados. Alternamos a fúria e a calmaria até que ele vai descendo do meu pescoço até meus seios, beijando um ponto acima deles. - Chupa...- Imploro, gemendo.
De súbito, ele me empurra. Arregalo os olhos e, antes de cair, ele me segura pelas mãos. Meus braços estão esticados e seus olhos, hipnotizados.
- Fiz alguma coisa errada? - Insegura, excitada, pergunto.
- Nada. Tudo em vc é perfeito. - Sua voz ainda mais rouca me deixa ainda mais alucinada. Quero voltar aos seus braços. Ele me impede e pede. - Deixa eu ficar te olhando só um pouquinho? - Imobilizada, iluminada pela luz tênue do abajur ao lado do aparelho de som, eu o vejo cruzar as mãos em sua nuca e morder os lábios. PUTA QUE PARIU! - Não se atreva a se mover, Adessa Rossi. - Sorrio quando ele faz um quadrado com as mãos e me enquadra nele como se tivesse uma Polaroid super mega potente, tirando fotos minhas de segundo a segundo. - É o que eu estou fazendo. Gravando cada parte do seu corpo só pra mim. Não quero ter o que aqueles merdas tiveram. Quero ser o único. Quero ficar aqui e te ver por inteiro.
- Não seja por isso...- Retiro a calça do pijama ainda em dúvida se estou depilada ou não. Aaah! Sim! Putz! Depilei! Fui à praia ontem! Bendita praia! - Agora vc pode me ver por inteiro. Por que me olha assim? Não gostou? A propósito, meu sobrenome não é "Rossi". É Santoro. Vc não sabe tanto assim de mim. - Baixo os olhos, afetando profunda tristeza.
- Mas é o meu. - Um passo à frente e ele me envolve em seus braços. - Vincenzo Rossi. Quando se casar comigo, seu nome será Adessa Rossi, hai capito? - Agarrada ao seu pescoço, pulo e, com as pernas cruzadas em suas costas, grudo-me a ele, novamente. Encarando-o, eu demoro a entender o que ele acaba de me dizer. - Dess! Acorda! Por que tá chorando, meu anjo?
- Vc acaba de me dizer que meu nome terá o mesmo sobrenome que o seu? É isso? Quer dizer que que que que...
- Que vc é minha e eu, sou teu...per sempre. Casa comigo?
Segurando-me pelas pernas, ele me leva ao seu quarto que, injustamente, é bem maior que o meu. Sua cama é enorme. Mega ultra "Queen".
- O dono dessa cama é casado? - Nua sobre os lençóis com cheirinho de lavanda, não teria pior momento para uma pergunta tão fora do contexto, mas essa sou eu, sendo eu mesma. - Vamos foder na cama de um casal feliz? - Revirando os olhos, ele retira seu moletom e então, surpreendo-me ainda mais. Sua cueca 'boxer' esconde um pau fenomenal. "ADESSA!", repreende-me ele. - Desculpa. Não vou olhar mais. Não vou pensar. Juro. Tá difícil!!! EU PRECISO SABER SE VAMOS TREPAR NA CAMA DE UM CASAL FELIZ! Hai capito!?
- Entendi. Fica calma, por favor. - Jogando-se na cama, ele quica. Acho fofa a maneira como ele lida com a nossa primeira vez. Um padre está mais calmo do que uma puta antes de trepar com ela. - Dess! Olha pra mim! - Estalando, três vezes, os dedos bem no meio dos meus olhos, ele me desperta e me irrita. Odeio isso nele! - O dono dessa cama não é casado. Ainda.
- Não!?
- Não! - Afirma ele, arregalando seus obscenos olhos azuis. As covinhas voltam ao seu rosto quando ele complementa. - Ah! E meu pau não é fenomenal. É comum. Vc é quem o deixa assim. - Olhando para seu pau fantasticamente perfeito - e depilado - perplexa e ainda confusa, volto ao assunto da cama. - Não! Ele nunca trouxe a noiva aqui porque ele não é noivo...ainda.
- PORRA! Para com essa coisa de 'ainda'! Eu preciso saber disso porque eu tenho um código de conduta. É! Não faz essa cara de espanto por uma puta ter códigos de conduta! Eu não trepo com homens que me dizem que são casados ou que deixam escapar que são felizes e têm filhos. Eu trepava sem ouvir o que eles diziam. Caso soubesse que estaria destruindo um lar feliz, eu os expulsava da minha cama. Dá pra entender porque eu quero saber o lance dessa cama?
- Vc é incrível. - Estou deitada entre seus joelhos, meio que embasbacada com seu corpo, seu jeito carinhoso de olhar para mim. - Não é só carinho. É admiração. - Engulo em seco para não começar a chorar e quebrar a porra do clima que já quebrei umas duas vezes por causa da bendita cama. - Dess, a cama é minha. - Confessa ele em meu ouvido. - E antes que vc pergunte como a minha cama está na casa de meu amigo, preciso te confessar que menti. - Ele ri quando gaguejo antes de cuspir um: "Você mentiu!?" - Sim. A cama e a casa são minhas. Tá bom assim? - Beijando minha testa, ele se volta para o lado e fica lá, parado, olhando para o teto enquanto eu me odeio por ter exterminado todas as chances de foder com ele hoje. - Adessa!
- Fala. - Olhando para o mesmo teto, cobrindo-me com o lençol, aguardo sua repreensão. - Já sei. Fala!
- Nós não vamos 'trepar'. Vamos fazer amor...agora.
- Aga aga aga agrrrr...PORRA! AGORA??? - Desde quando eu comecei a gaguejar!?
- Desde que se apaixonou por mim e me fez pensar em vc todos os dias da minha vida.
Sinto o peso de seu corpo sobre o meu. Seu tórax esmaga meus seios que não doem mais, graças a ele que me curou das dores do corpo e do coração.
- Te amo. Nunca pensei que diria isso a um homem, mas...te amo.
- Te amo. - Repete ele. Sua boca encosta na minha. Nossas línguas se movem num ritmo perfeito. Lento, molhado e longo. Beijos longos e melados até que seu pau 'desperta' e encontra o ponto certo onde entrar. - Me fode gostoso. - Suplico, gemendo, arqueando o tronco, a cabeça para trás, os olhos fechados, os pés enrodilhados de tanto tesão. Seu pau entra em mim, sem dor alguma. Então, me solto. Abro os olhos e encontro os dele, incisivos, sobre os meus. Como um padre fode tão gostoso!? - Adessa, para de pensar! - Geme ele, empurrando minhas pernas flexionadas, enfiando tudo, com força. Muita força e vontade. Gozamos juntos. Ouço seu urro ao se demorar dentro de mim. Sinto seu gozo quentinho, escorrendo pelos lados de minhas pernas. - Espera!!! - Ordena-me ele, deixando-me sozinha, na cama, olhando para o teto com um sorriso idiota estampado em meu rosto. - PRONTO! - Gargalho quando o vejo trazer um rádio portátil e fincá-lo na mesinha de cabeceira. - MÚSICA! MUITA MÚSICA!
- Por que isso? - Conhecendo a resposta, olho para o seu pau ainda ereto, a mão sintonizando sua estação preferida. O volume máximo não me deixa ouvir sua resposta. - Não entendi!
- PERFETTO! - Seu sotaque italiano é bem melhor do que o meu. Voltando à cama, ele me beija com sede e vai descendo até meus seios, chupando-os e lambendo-os ao redor das minhas aréolas. Isso me deixa maluca! Nuusss! Gozo novamente, rindo do que ele acaba de gritar. - Pensa, Adessa! Pode pensar no que quiser agora porque eu definitivamente NÃO-VOU-TE-OU-VIR!!!
Foram os melhores dias da minha vida.
Tomávamos café na cama para não perdermos tempo. Voltávamos a trepar 'com amor' até que nossas forças se esgotassem. Aonde quer que eu fosse, lá estava ele, mordendo meu pescoço, lambendo minha boca ou roçando seu pau gostoso em minha bunda. Nada sobrara do padre que se mantinha distante por amor a um credo.
Conhecera cada pedacinho de seu corpo, de seu hálito matinal. Nada nele era imperfeito. Gemia de tesão a cada toque, então, ele me calava com seus beijos cada vez mais devassos, demorados, molhados, absolutamente devastadores.
Fazíamos amor na praia deserta. Corríamos um do outro como crianças até que ele me pegasse e me levasse para dentro do mar onde, um dia, eu o 'trolei'.
"Isso vai te custar caro", ameaça-me ele enquanto eu rio e me lembro do mega show de interpretação que eu dei, fazendo-o acreditar que queria me matar quando o que eu mais desejava, era voltar a viver. Melhor! Começar a viver de verdade.
- Faz de novo! - Peço, agarrada em seu pescoço, lambendo seu ombro salgado pela água do mar onde estamos submersos quase que totalmente. - Teu pau é tão gostoso. Puta que pariu! - Emito gemidos em sua orelha e enfio minha língua em seu ouvido. Ele meio que enlouquece e me leva até a areia, onde me deita. Sou dele. Completamente dele. Sou dominada por ele e, por ele faria qualquer coisa. Sinto que estamos ligados desde sempre. - Me fode! Vai! Me rasga ao meio! - Berro ao vento enquanto meu corpo vai e vem com suas estocadas cada vez mais selvagens...violentas.
Gosto disso.
Antes dele, não havia vida. Somente a Escuridão. Agora, acordo querendo viver. Viver ao lado dele...para sempre.
A cada trepada, ele se torna mais rude, mais despudorado e lascivo. Adoro o jeito como ele me trata. Gosta de me ver gozar antes dele. Faz questão disso. Diz que a minha satisfação é sua prioridade. Então, ele urra como um insano, gozando em mim, em minha barriga ou em minha boca que chupa seu pau com um prazer jamais sentido. Ele sorri, estranhando tudo e gostando de tudo também. Creio que ele jamais havia feito algo assim com sua ex-noiva. A vaca que o traiu.
PERDEU! AGORA ELE É MEU, VADIA!
E eu...sou dele. Completamente dele! Não sei o que faria sem ele. Sequer penso nisso. Isso nunca vai acontecer. Ele me prometeu. Ele vai cumprir.
Eu sei que vai.
Deitados na cama, exaustos, conversamos sobre tudo. Pergunto sobre o que faremos quando voltarmos às nossas vidas na cidade. Digo a ele que resolvi tentar trabalhar como modelo ou algo assim. Juro que nunca mais treparei com mais ninguém além dele.
- Sério!? - Amo sua expressão de contentamento quando ele para de me chupar e me olha, por entre as minhas coxas. Passo a mão em seus cabelos já sem corte, jurando que sim.
- Como serão as coisas lá na igreja? - Ele meio que desconversa sem vontade de pensar em algo que, certamente, vai gerar grandes decisões. - Vc pode continuar a ser padre e se casar comigo?
- Não, meu bem. Não. - Sentado na beira da cama, de costas para mim, ele admite. - Não sei o que fazer sobre isso, mas vou dar um jeito. Prometo. A única coisa que sei...- Então ele se volta para mim, deitando-se ao meu lado, apoiando a cabeça em seu cotovelo, afofando meu travesseiro, os olhos perdidos em mim. - Eu não vou ficar sem vc. Não mesmo.
- Promete?
- Prometo.
- Por que me trouxe pra cá? Como soube que Ga'al não me seguiria até aqui?
- Dess, para de falar um pouco. Tô tentando descansar, mulher!
- Diz! - Belisco seu braço. - Como ele não entraria aqui? O que vc fez pra que essa casa fosse tão protegida?
- Magia. Lembra quando eu cuidei dos seus ferimentos com unguentos e poções?
- Sim!!!
- Ocorre o mesmo com a casa. Ela é abençoada por meus superiores e protegida por Magia. Nada que não tenha o coração puro pode ultrapassar o batente da porta.
- Uau...- Pensativa, fico olhando para o teto enquanto ele tenta dormir. - E quanto aquela pintura a óleo na parede!? - Com sono, ele resmunga. - Só me diz isso. Só isso e paro de falar. - Num movimento, deixo meus seios à mostra, o que o faz acordar e a massageá-los sem perceber que isso me 'acende'. Se ele quer dormir, esse é o pior caminho. - Quem é aquele que está de pé, atrás de uma mulher belíssima com um ar de tristeza em seu semblante, extremamente parecido com vc?
- Que retrato, Dess? - Beijando meus seios, chupando meus mamilos, ele tenta me fazer parar de pensar nisso, mas, ainda que mega excitada, eu continuo a falar sobre o retrato até que ele me diz algo surreal. - Sou eu. - Afastando-o com meus braços, eu me recosto à cabeceira, chocada. - O que foi?
- Como 'o que foi'??? Aquela pintura é do século XVII ou anterior a ele!!! Ou vc tem uns 400 anos e está super mega conservado ou aquilo foi alguma fantasia do pintor!
- Dess...fica quietinha. Fica.
- Não fala comigo assim! Eu tô querendo saber de algo que tá me atordoando desde que a gente chegou aqui e, agora que estamos super íntimos, posso te perguntar! Ou não!?
- Sim! - Diz ele, exultante, abrindo seus olhos azuis cheios de desejo. A pintinha no canto esquerdo, logo acima da boca, me faz arfar. Desistindo de dormir, ele meio que pensa no que vai me dizer e argumenta, desconfortável. - Então. Um amigo do mosteiro. Ele adora desenhar pessoas e paisagens dos séculos passados e me revelou que eu já tive um amor naquela época. Daí, ele pintou aquela tela em minha homenagem. Uma história fantástica, né? Satisfeita!? Posso voltar aos seus peitos deliciosos ou não?
- Não! Não são peitos porque não sou galinha! São seios!!! - Puxando-o pelo cabelo, eu o trago até minha boca e exijo um beijo sufocante. Sei que ele mentiu, mas não quero quebrar o clima gostoso de mais um dia com ele. - Cara! Vc é um padre diabólico! - Penso alto enquanto ele me deixa sem ar, beijando-me ao mesmo tempo em que seu pau arranja um jeitinho de entrar em mim.
Só saímos do quarto para tomarmos banhos juntos, jantarmos juntos e irmos ao mercado...juntos.
Estou no paraíso...
Em nossa última noite em sua casa na praia, eu preparo o jantar. Apesar das constantes 'interrupções' de seu pau em minhas costas enquanto estou na pia da cozinha, minha lasanha ao molho branco ficou perfeita. Vou ao banheiro a fim de lavar minhas mãos e ele está atrás de mim com suas mãos abrindo espaço entre minhas coxas, fodendo-me com fúria e amor. Agarro-me na pia, observando meus seios balançando. Estão maiores do que antes ou eu estou ficando louca?
- Vamos comer? - Proponho.
- Vc!? - Beijo sua boca e, rindo, eu o empurro de volta à cozinha enquanto ele reclama. - Só mais uma vez! Por favor!
- Amo todas as suas trinta expressões em seu rosto. Essa de 'menino pidão' é uma das mais fofas. - Beijo suas covinhas e ordeno, como uma mãe o faria a um filho manhoso. - Vá! Come! Agora! Um...dois...três!
- Além de linda, gostosa, vc cozinha muito bem!
- Imagina!!! - Finjo despreocupação. - É vc que está faminto. Come mais um pedaço.
- Se vc comer comigo, eu topo. - Com a espátula em prata, coloco em seu prato o penúltimo pedaço e, no meu, o último. - Come, amor. Vc não tem comido direito. Pensa que não reparo?
- Não não nada a ver! - Minto, empurrando um pedaço da lasanha garganta adentro. - Pra vcs, homens, é tudo bem mais fácil. Não surtam como nós, mulheres. Se eu olhar pra um doce, já engordo uns dois quilos.
- Seu corpo é perfeito. - Ronrona ele, alcançando minha mão sobre a mesa, puxando-me para si, dando um selinho em minha boca. Ao som de "Photograph", de Ed Sheeran , posso pensar sem medo de ser ouvida por ele, embora seu olhar pareça captar cada palavra que formulo em minha mente, em meu coração que dói a cada hora que passa.
Daqui a poucas horas, voltaremos à cidade e, talvez, tudo continue como está...ou não. Talvez, eu não esteja com apetite porque não quero vomitar novamente, escondendo-me dele, trancando-me no banheiro, dizendo que está tudo certo. Mas não está. Não tenho certeza, mas talvez, eu tenha um outro 'serzinho' dentro de mim. Alguém que já amo mais do que a mim mesma. Talvez, eu os perca a ambos quando voltarmos à cidade ou seja feliz para sempre, junto à minha nova família. A música acabou. Corro para o quarto enquanto ele vem atrás de mim. Não quero que ele me ouça!
- Por que tá chorando, amor? - Agachado, apoiado em meus joelhos, ele me fala com ternura enquanto estou sentada na beirada da cama. - Nada vai mudar. Eu juro. Voltaremos aqui em pouco tempo, ok? - Seus polegares voltam a enxugar minhas lágrimas enquanto eu mancho a selfie que tiramos na praia. Eu pedi para que a revelassem em um estúdio próximo à cidade vizinha, mais habitada e moderna do que essa de onde vamos partir daqui a pouco. - Vc tá pálida. Quer se deitar? Eu arrumo tudo na cozinha e volto pra dormir com vc até a hora de irmos. Ok?
- Vc é meu anjo. Sabia? - Digo, entre soluços. - Desculpa. Eu não consigo parar de chorar. Tô com medo. Eu nunca fui tão feliz na vida. Não quero perder isso que a gente tem. Não quero. Não posso.
Ele me cobre com seu edredom. Tem seu cheirinho de 'maçã verde'.
- Fica comigo. - Peço.
- Fico. - Diz ele até eu pegar no sono de tanto chorar, sem tirar os olhos da nossa foto.
Eu não quero partir. Algo me diz que tudo vai mudar e, minha intuição nunca erra.
Tudo pronto. Todas as nossas coisas estão no porta-malas do carro, mas eu o evito o quanto posso. Não quero entrar em seu 'fusquinha' simpático', herdado de seu pai que deixara, igualmente, essa casa para ele. Além de uma boa soma em grana em seu banco. Meu homem, além de padre é rico. Como ele vai fazer para deixar de ser padre? Por que pastores, rabinos podem se casar e padres não?
- Em que essa cabecinha de minhoca tá pensando?
- Em nada. Vc não ouviu?
- Não. Estava longe. Não sou tão poderoso quanto vc pensa. - Sentando-se na areia, ao meu lado, ele se põe a admirar o horizonte, assim como eu. - Por que parou de pensar, Dess? Isso me assusta.
- Sabe o que descobri?
- Não.
- Que tenho super poderes como vc. Vc ouve o que eu penso. Eu sinto o que vc sente. Basta tocar em vc.
- Sério!? Psicometria!?
- Oi!?
- É como se chama essa faculdade do cérebro. Alguns a desenvolvem com maior facilidade. Outros não. Vc consegue sentir e ouvir ao tocar em algum objeto ou pessoa?
- Sim. Nunca parei pra pensar nisso, mas sempre capturava as impressões de lugares e pessoas e até de móveis antigos. Bizarro, né?
- Não. Penso que vc seria bastante valiosa em nossa equipe de exorcistas. Vc poderia...
De súbito, ele para de falar ao mesmo tempo em que enfio minha cabeça entre minhas pernas flexionadas, pressionando meus braços contra minha cabeça. Não quero ouvir nada do que ele tenha a dizer sobre os padres que o tomarão de mim. NÃO! NÃO FALA, POR FAVOR!
- Dess, eu vou conversar com eles e, com certeza, eles vão me entender e me liberar dos votos que fiz.
- Não vão não...
- Vão! Eu te garanto!
- Ele disse que não. E eu, confio nele.
- Ele quem??? - Espantado, Vincenzo olha ao redor à procura de alguém e nada encontra. Meio que inseguro, ele repete a pergunta. - Ele quem, Dess???
- Ele disse que eu posso chamá-lo de Louis, mas seu nome é outro. Disse que vc o conhece muito bem e que nós dois não ficaríamos juntos porque ele te odeia.
- Que merda é essa, Dess!? - Amedrontado, ele aumenta o tom de voz. - Fala comigo! O que vc tá vendo!? Quem está perto de vc!? É Ga'al!?
Movendo a cabeça de um lado para o outro, Vincenzo se irrita e se levanta. Grita contra o vento, evocando Ga'al que está tão longe daqui quanto Miguel, meu arcanjo. Sem respostas, ele se ajoelha na areia e com o medo estampado em seu rosto angelical, ele implora.
- Dess, fala o nome dele. Eu preciso do nome para expulsá-lo daqui.
Ergo a cabeça e, olhando em seus olhos, enxergo o desespero de quem já falhou uma vez e não quer falhar novamente. O vento sopra, furioso e as ondas se chocam contra a areia e deslizam, branquinhas, até nossos pés. Há uma tempestade chegando porque há nuvens escuras e pesadas sobre nossas cabeças.
Um presságio, um aviso.
- Dess!!! Acorda!!! - Abano a cabeça e saio do transe e então entendo o que ele deseja. - O nome dele! Qual o nome desse ser que se comunicou com vc e disse que me odeia!? Fala! Por favor, fala!
- Louis Far...- Respondo, sem forças. Ele repete por diversas vezes o que lhe disse até chegar a um nome que faz muito sentido em sua vida. Ele me conta que já estivera frente à frente com ele e que, agora, faria de tudo para nos salvar de suas artimanhas. - Que artimanhas? Ele era legal. Só me disse que não ficaríamos juntos...
Um raio cruza o céu no momento em que Vincenzo o desafia a aparecer diante dele. O som do trovão me assusta, logo, me encolho, observando a mudança brusca nas atitudes do homem que amo. Sempre pacífico, agora, ele desafia algo invisível aos seus olhos.
- Louis Far. Louis Far! Claro! Louis vem de 'Lu' e 'Far', de 'Fer'. Louis Far. LouisFar. Lúcifer!!! - Berra Vincenzo segundos antes da chuva desabar contra nossos corpos. Por segundos, ele se esquece de mim e parece aguardar por algum rival, parado, olhando para o céu. Por que tanto ódio por Lúcifer? Por que não consigo me lembrar do motivo? Ele já me contou algo sobre Lúcifer e ele!? - NÃO PENSA, DESS! - Arrasto-me até a parte mais alta da areia onde corremos, felizes e despreocupados, há poucos dias. Levanto-me, sem tirar os olhos dele. "Lúcifer!", repete ele como a invocar o nome do 'anjo caído' do qual pouco sei. Talvez, se ele olhasse para mim, exatamente agora, ele o encontraria, bem ao meu lado, rindo-se do meu Vincenzo. - Apareça! Não ouse tocar nela! Ela é pura e não vai pertencer a vc, jamais!
- Seu namorado é um tanto dramático, não é?
- Ele é meu homem. - Encarando seus olhos faiscantes, eu o confronto. - Não pense em tocar nele ou eu acabo com vc num piscar de olhos. Entendeu?
- Uh-huh. Eu não duvido. Então, está disposta a perdê-lo?
- Se for para o bem dele, sim. Suma. Deixe-nos em paz. Eu te peço, 'anjo Injustiçado'.
- Eu me submeto às suas ordens, filha de Hécate. Só por hoje. Estou exausto. - Antes de sumir por completo, ele me avisa para ficar atenta. Sua voz cantarola a mensagem que me faz tremer de medo. - Ragnar está de volta. Vcs irão se encontrar e vc não o reconhecerá. Toma cuidado.
Meu coração bate, descompassado. Quando Vincenzo me encontra jogada na areia, aos prantos, ouve uma mentira.
- Tô com saudades daqui. Só isso.
- Ele voltou a aparecer? Lúcifer voltou a aparecer!?
- Fica calmo. Não devia ser ele. Vc acha que um ser tão poderoso e super cultuado entre seus súditos apareceria justo pra mim? - Sorrio enquanto choro. - Me abraça. Por favor, abraça.
- Vc tá tremendo, amor.
- Me abraça e não me deixa nunca. Promete?
- Prometo.
Lembro-me de um trecho da canção de Ed Sheeran e, dentro do carro, cantarolo baixinho, sem deixar que ele me veja chorar.
"So you can keep me inside the pocket of your ripped jeans"
- Dess, eu não vou te deixar. Acredita em mim.
- Acredito.
Continua...